Governo vai retomar o horário de verão em 2025? Veja o que diz o ONS
Crescimento da energia solar e picos de consumo ao entardecer pressionam sistema elétrico e reacendem debate sobre mudança nos relógios

O horário de verão pode estar de volta. Após seis anos sem adiantar os relógios, o Brasil enfrenta novos desafios energéticos que colocam essa medida novamente em pauta. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou um relatório nessa terça-feira (8) que acende o alerta sobre o futuro do fornecimento de energia no país.
Mesmo que o documento não fale diretamente sobre a medida, especialistas já interpretam os dados como um sinal claro da possibilidade de reverter a mudança nos horários de verão pode ser avaliada novamente pelo governo em 2025.
Consumo de energia disparando
O Plano da Operação Energética (PEN 2025) traz números que chamam atenção. O consumo de energia elétrica no Brasil vai chegar a 94,6 gigawatts médios até 2029. Isso representa um crescimento de 14,1% em relação aos níveis atuais. Para facilitar o entendimento: o país está consumindo 3,4% mais energia a cada ano. E a principal responsável por esse aumento é a energia solar, aquela gerada pelos painéis que você vê cada vez mais nos telhados das casas e empresas.
O dilema do pôr do sol
A energia solar vai representar quase um terço de toda a eletricidade produzida no Brasil até 2029. Parece ótimo, mas existe um problema: quando o sol se põe, essa energia simplesmente para de ser produzida. E isso ocorre exatamente no momento em que o consumo de energia atinge seu pico.
Esse período, conhecido como “horário de rampa”, é quando as pessoas chegam do trabalho, ligam aparelhos domésticos, tomam banho e preparam o jantar no fim da tarde. Marcio Rea, diretor-geral do ONS, destacou que o sistema elétrico precisa responder com velocidade nesses momentos, acionando hidrelétricas e térmicas para compensar a queda da energia solar.
Por que o horário de verão pode voltar?
O raciocínio por trás do possível retorno é direto: se o problema acontece quando o sol se põe e o consumo aumenta ao mesmo tempo, adiantar os relógios em uma hora poderia aliviar essa pressão. O pico de consumo seria deslocado para um momento em que ainda há luz natural e produção de energia solar ativa.
O que mudou desde 2019?
O horário de verão foi extinto em 2019 com a justificativa de que não gerava mais uma boa economia de energia. O perfil de consumo havia mudado, e os equipamentos se tornaram mais eficientes. Mas o cenário atual é completamente diferente.
O relatório do ONS menciona um “desequilíbrio estrutural” no abastecimento de energia. Em palavras simples: o sistema pode não dar conta de atender toda a demanda nos horários críticos. Isso forçaria o uso mais frequente de usinas térmicas, principalmente no segundo semestre, quando os reservatórios das hidrelétricas ficam mais baixos.
Imagem: Freepik
O outro lado da moeda
O acionamento de usinas térmicas tem duas consequências diretas: aumento na conta de luz e maior poluição ambiental. Essas usinas usam combustíveis fósseis e são mais caras para operar. Quando entram em funcionamento, o custo é repassado para o consumidor final.
Ao contrário da construção de novas usinas ou expansão da rede elétrica, que levam anos e exigem bilhões em investimentos, o horário de verão pode ser implementado com uma simples decisão administrativa. É uma medida de baixo custo e efeito imediato.
O que esperar daqui para frente?
O governo federal ainda não se manifestou sobre o assunto, mas o relatório do ONS funciona como um importante indicador. As recomendações oficiais incluem a realização de leilões anuais para contratar reserva de potência energética, mas muitos questionam se isso será suficiente.
Preparando-se para mudanças
Caso o horário de verão retorne, será necessário um período de adaptação. Sistemas eletrônicos precisarão ser atualizados, horários de trabalho ajustados e rotinas modificadas. Após seis anos sem a medida, muita gente já esqueceu como era conviver com essa mudança.
O debate sobre o horário de verão reflete um desafio maior: como equilibrar o crescimento do consumo de energia com a sustentabilidade do sistema elétrico. Enquanto o governo analisa as opções, cada brasileiro continuará sentindo no bolso o reflexo das decisões energéticas do país.
Veja também no Idosos Brasil, sobre a isenção na conta de luz.