Receitas da Vovó: funcionam ou são mito?
Veja o que a ciência diz sobre alguns remédios caseiros

Quem nunca foi aconselhado a tomar mel com limão para aliviar a tosse ou uma canja de galinha para se recuperar de uma gripe? As receitas da vovó fazem parte do repertório cultural e são transmitidas de geração em geração com a promessa de curar diversos males. Mas será que essas soluções caseiras realmente funcionam ou são apenas mitos perpetuados pela tradição?
Com o avanço do tempo, a medicina tem se transformado, e com ela, as práticas de tratamento. Muitas abordagens que eram comuns no passado hoje são vistas como ineficazes ou até prejudiciais. Nesse cenário, os estudos científicos desempenham um papel fundamental, avaliando a eficácia dos tratamentos e buscando sempre melhorar os índices de curabilidade, ao mesmo tempo em que minimizam possíveis efeitos colaterais.
Receitas que realmente funcionam
Entre as receitas caseiras que contam com respaldo científico, o mel com limão para tosse é um dos destaques. O mel possui propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias que ajudam a aliviar a irritação da garganta. Estudos mostram que o mel atua como emoliente, revestindo a mucosa e diminuindo a irritação causada pela tosse seca.
Já o limão, rico em vitamina C, é um antioxidante natural que fortalece o sistema imunológico. A combinação destes dois ingredientes pode realmente ajudar a aliviar sintomas de resfriados e gripes, embora não cure a doença subjacente.
A famosa canja de galinha também tem seus méritos comprovados pela ciência. Pesquisas mostram que ela pode reduzir o número de glóbulos brancos que se deslocam para tecidos inflamados, ajudando a diminuir a inflamação nas vias respiratórias superiores. O calor do caldo ajuda a soltar o muco, enquanto os nutrientes do frango e dos vegetais fornecem proteínas e vitaminas importantes para a recuperação.
Imagem: Freepik
Receitas que são mitos ou podem ser prejudiciais
Por outro lado, muitas receitas caseiras não apenas carecem de eficácia comprovada, mas podem até agravar problemas de saúde. O médico otorrinolaringologista Gilberto Pizarro, do Hospital Paulista, alerta sobre soluções caseiras que são pouco eficazes e podem piorar quadros de irritação das vias aéreas.
Um dos piores exemplos citados pelo especialista é a inalação de pedra de cânfora, prática comum no passado para aliviar problemas respiratórios, mas hoje totalmente desaconselhada. “A pedra de cânfora é nociva por exposição aguda e apresenta risco para a saúde, seja quando inalada, ingerida ou mesmo em contato com a pele”, explica o médico.
Outra receita popular, mas não recomendada, é colocar um pequeno dente de alho nas narinas para aliviar sintomas de sinusite. Não há evidência científica que justifique essa prática, e a substância pode causar lesões à mucosa nasal, agravando o quadro.
O uso de lenço umedecido em álcool no pescoço para aquecer a garganta e minimizar a tosse também não tem eficácia comprovada. Segundo o Dr. Pizarro, esse método era utilizado para baixar febre, não para tosse, e mesmo assim sua eficiência é bastante reduzida.
O equilíbrio entre tradição e ciência
É importante entender que muitas receitas caseiras podem proporcionar alívio sintomático, mas não substituem o tratamento médico adequado para condições sérias. Mesmo as que têm alguma base científica, como o mel com limão para tosse, devem ser vistas como complementares ao tratamento convencional, não como substitutas.
Algumas práticas tradicionais podem ser benéficas por oferecerem conforto emocional, como a canja de galinha, que além de ter propriedades nutricionais importantes, também proporciona uma sensação de cuidado e acolhimento que pode contribuir para o bem-estar psicológico durante a doença.
Quando procurar ajuda médica?
Embora algumas receitas caseiras possam ajudar a aliviar sintomas leves, é fundamental saber quando buscar atendimento médico. Sintomas persistentes ou graves, como febre alta, dificuldade para respirar, dores intensas ou quadros que pioram apesar do uso de remédios caseiros, requerem avaliação profissional.
A automedicação, mesmo com produtos naturais, pode mascarar sintomas importantes ou atrasar o diagnóstico adequado. Por isso, a Dra. Ana Escobar, médica pediatra que frequentemente aborda estes temas em suas redes sociais, sempre enfatiza: “nunca se automedique, procure sempre seu médico.”
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Perguntas frequentes
1. As receitas da vovó podem ser usadas em crianças pequenas?
Algumas receitas não são adequadas para crianças. Por exemplo, o mel nunca deve ser oferecido a bebês menores de 1 ano, pois pode conter esporos de Clostridium botulinum, causando botulismo infantil. Sempre consulte um pediatra antes de usar qualquer remédio caseiro em crianças.
2. Por que algumas receitas caseiras parecem funcionar mesmo sem comprovação científica?
Muitas vezes o efeito placebo e o próprio curso natural da doença podem dar a impressão de que o remédio caseiro funcionou. Além disso, o conforto psicológico e o cuidado envolvidos podem contribuir para a sensação de melhora.
3. Chás e infusões realmente ajudam no tratamento de gripes e resfriados?
Alguns chás contêm propriedades anti-inflamatórias que podem aliviar sintomas. A própria ingestão de líquidos quentes ajuda na hidratação e no alívio do desconforto na garganta. Porém, não curam a infecção viral subjacente.
4. Existem estudos científicos sobre receitas caseiras?
Sim, alguns estudos avaliam a eficácia de remédios tradicionais. Por exemplo, existem pesquisas sobre o efeito do mel na tosse e estudos sobre como a canja de galinha afeta a resposta inflamatória. No entanto, muitas receitas populares ainda não foram adequadamente estudadas.
5. Por que algumas receitas caseiras que funcionavam no passado são desaconselhadas hoje?
Com o avanço da ciência, descobriu-se que alguns ingredientes ou práticas podem ser prejudiciais à saúde. Além disso, hoje existe o acesso aos medicamentos mais eficazes e seguros, tornando certas receitas caseiras desnecessárias ou obsoletas.