
O Ministério da Saúde anunciou a distribuição da segunda remessa de etanol farmacêutico, antídoto importante para tratar intoxicações por metanol, a quatro novos estados brasileiros nesta terça-feira (07). Com essa nova entrega, o número total de ampolas distribuídas chegou a 1.125, beneficiando ao todo nove estados do país que enfrentam casos suspeitos ou confirmados da intoxicação.
Distribuição estratégica dos antídotos
O envio dos medicamentos faz parte de um conjunto de ações coordenadas pelo Ministério da Saúde em resposta aos casos de intoxicação por metanol registrados nas últimas semanas. A distribuição seguiu critérios técnicos, com quantidades específicas para cada estado:
- Acre: 30 ampolas
- Bahia: 90 ampolas
- Ceará: 120 ampolas
- Distrito Federal: 90 ampolas
- Goiás: 75 ampolas
- Mato Grosso do Sul: 60 ampolas
- Pernambuco: 240 ampolas
- Paraná: 360 ampolas
- Rio de Janeiro: 60 ampolas
As ampolas integram um estoque estratégico estruturado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), garantindo reposição e distribuição conforme a necessidade dos estados e municípios. Para ampliar ainda mais a capacidade de atendimento, o governo federal está em processo de aquisição de outras 60 mil ampolas de etanol farmacêutico.
Imagem: Freepik
Aquisição de medicamentos e ampliação do estoque
Além do etanol farmacêutico já distribuído, o Ministério da Saúde anunciou a aquisição de 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol, fornecido por uma empresa japonesa que também doou outras 100 unidades, totalizando 2,6 mil unidades deste medicamento. A previsão é que este lote chegue ao Brasil ainda nesta semana de outubro e comece a ser distribuído conforme as necessidades locais.
Panorama dos casos no Brasil
Até o dia 6 de outubro de 2025, o Brasil registrava 217 notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas. Desse total, 17 casos foram confirmados, enquanto 200 permanecem sob investigação. São Paulo concentra a maioria das notificações, representando mais de 82% dos casos, com 15 confirmações e 164 investigações em andamento.
O Paraná registra dois casos confirmados e quatro em investigação. Outros 12 estados notificaram casos suspeitos, incluindo Acre, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia e Rio Grande do Sul.
Em relação aos óbitos, dois foram confirmados no estado de São Paulo, e outros 12 seguem em investigação, distribuídos entre Mato Grosso do Sul, Pernambuco, São Paulo, Paraíba e Ceará.
Sala de Situação e monitoramento nacional
Imagem: Reprodução/ Walterson Rosa/MS
Para coordenar as ações de enfrentamento à intoxicação por metanol, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação Nacional, que reúne representantes de diversos órgãos federais, estaduais e municipais. Esta estrutura, de caráter extraordinário, permanecerá ativa enquanto houver risco sanitário e necessidade de monitoramento.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a importância da notificação dos casos suspeitos e recomendou que os profissionais de saúde realizem o registro a partir da suspeita, sem aguardar a confirmação laboratorial. O tratamento deve ser iniciado conforme as orientações do Ministério da Saúde, independentemente da presença confirmada de metanol no organismo do paciente.
O Rio de Janeiro inovou ao lançar um painel público com informações sobre os casos de intoxicação por metanol. Os dados estão disponíveis no site do Monitora RJ e têm a finalidade de contribuir para ações de saúde e de segurança pública no combate às fraudes.
Reforço na capacidade diagnóstica
Para aumentar a capacidade de diagnóstico, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) mobilizou três unidades aptas a realizar análises imediatas: o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF), o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
Saiba mais informações sobre o assunto em outros conteúdos do Idosos Brasil.
Perguntas frequentes
O que é o metanol e por que é perigoso?
O metanol é um tipo de álcool altamente tóxico que pode causar intoxicações graves quando consumido. Diferente do etanol (álcool encontrado em bebidas), o metanol pode causar cegueira, danos neurológicos permanentes e até morte, mesmo em pequenas quantidades.
Quais são os sintomas da intoxicação por metanol?
Os principais sintomas incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, dificuldade respiratória, visão turva, dor de cabeça intensa e, em casos graves, convulsões e coma. Os sintomas podem aparecer horas após o consumo.
Como funciona o tratamento com etanol farmacêutico?
O etanol farmacêutico compete com o metanol pelas mesmas enzimas no fígado, impedindo que o metanol seja transformado em metabólitos tóxicos. Isso dá tempo para que o metanol seja eliminado do organismo sem causar danos graves.
O que é o fomepizol e como ele difere do etanol?
O fomepizol é um antídoto específico para intoxicação por metanol que atua bloqueando a enzima que metaboliza o metanol em substâncias tóxicas. Ele tem menos efeitos colaterais que o etanol, mas não estava disponível no Brasil até essa recente aquisição emergencial.
O que fazer em caso de suspeita de intoxicação por metanol?
Busque atendimento médico imediatamente. Não espere os sintomas piorarem, pois o tratamento precoce é fundamental para evitar sequelas graves ou óbito. Informe aos médicos sobre qualquer bebida alcoólica consumida, especialmente se de origem desconhecida.