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Revolucionando a avaliação de idosos com demência: Teletestes para mobilidade e força

Testes remotos de mobilidade e força muscular

Com o envelhecimento da população e o consequente aumento de casos de demência, a necessidade de abordagens inovadoras para avaliar e monitorar essa parcela vulnerável da sociedade torna-se cada vez mais crucial. Uma pesquisa conduzida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) trouxe uma solução promissora: a adaptação de testes de mobilidade funcional e força muscular para serem realizados remotamente, através da telessaúde.

A Importância dos testes de mobilidade e força muscular

Avaliar a mobilidade funcional e a força muscular é fundamental para compreender o processo de envelhecimento, prescrever tratamentos adequados, recomendar exercícios físicos e monitorar os resultados de intervenções terapêuticas em idosos. Esses testes, utilizados por fisioterapeutas e profissionais da gerontologia, fornecem informações importantes sobre a capacidade física e a qualidade de vida dos indivíduos.

No entanto, para pessoas idosas com demência, a realização desses exames pode representar um desafio significativo. Os comprometimentos cognitivos, como déficits de memória e atenção, podem dificultar a compreensão das instruções e a execução adequada das tarefas solicitadas.

A Solução inovadora: Teletestes

A pesquisa liderada pelo Laboratório de Pesquisa em Saúde do Idoso (LaPeSI) da UFSCar, financiada pela FAPESP, propôs uma solução inovadora: adaptar os testes de mobilidade funcional e força muscular para serem realizados remotamente, por meio da telessaúde. Essa solução visa facilitar o acesso a esses serviços para indivíduos que enfrentam dificuldades financeiras ou físicas para se deslocar até uma clínica, além de ser útil em situações que impedem as pessoas de sair de casa, como a pandemia de COVID-19.

Treinamento de cuidadores e supervisão profissional

O estudo envolveu 43 indivíduos com diagnóstico clínico de demência, que realizaram os testes remotamente com o auxílio de cuidadores treinados. Antes das avaliações, os cuidadores receberam uma capacitação para aplicar adequadamente os testes, enquanto profissionais de saúde capacitados supervisionavam o processo on-line em tempo real, esclarecendo dúvidas e orientando quando necessário.

Adaptação dos testes e comandos verbais

Para garantir a eficácia dos testes, os pesquisadores adaptaram os métodos consagrados da fisioterapia, como a Short Physical Performance Battery (Bateria Curta de Desempenho Físico), o 30 Seconds Sit to Stand (Sentar-Levantar 30 Segundos), o Time Up to Go (TUG) e o Time Up Dual Task (TUG Dupla Tarefa).

Além disso, os comandos verbais foram simplificados, proferidos de forma pausada e concisa, para facilitar a compreensão das pessoas idosas com demência. Essa adaptação foi essencial para garantir um desempenho satisfatório nos testes remotos.

Benefícios e impacto da telessaúde

A confirmação de que é possível realizar esses testes de forma remota representa um avanço significativo na prestação de serviços de saúde para idosos com demência. A telessaúde traz facilidades práticas, tornando o atendimento mais frequente e o acompanhamento mais completo.

Essa abordagem pode ser especialmente benéfica para indivíduos que enfrentam barreiras financeiras ou físicas para acessar serviços presenciais, além de ser uma alternativa viável em situações que restringem a mobilidade, como a pandemia de COVID-19.

Expansão do acesso e monitoramento contínuo

Ao permitir a realização de testes à distância, a telessaúde expande o acesso a avaliações essenciais para idosos com demência. Essa expansão do alcance pode contribuir para um monitoramento mais completo e contínuo do estado de saúde desses indivíduos, permitindo intervenções precoces e ajustes nos planos de tratamento, quando necessário.

Redução de custos e maior conveniência

Além de facilitar o acesso, a telessaúde também pode representar uma redução de custos para os pacientes e seus familiares, evitando despesas com transporte e deslocamento até clínicas ou centros de saúde. Essa praticidade é especialmente importante para quem mora em áreas isoladas ou tem problemas de mobilidade.

O estudo realizado pela UFSCar é apenas o primeiro passo de um projeto maior, que visa adaptar processos completos de telerreabilitação para idosos com demência. Com a validação da viabilidade dos teletestes, os pesquisadores podem avançar para a próxima fase, explorando a aplicação de programas de reabilitação remotos para essa população.

À medida que a tecnologia continua a evoluir e as soluções de telessaúde se tornam mais acessíveis, é possível antecipar um futuro em que o monitoramento e o atendimento remoto se tornem práticas mais comuns na área da gerontologia. Esse método pode ter um impacto positivo na qualidade de vida de idosos com demência, facilitando o acesso a avaliações e tratamentos sem as dificuldades dos deslocamentos físicos.

No entanto, é importante ressaltar que a telessaúde não substitui completamente o atendimento presencial, mas complementa e aumenta as opções disponíveis. Uma estratégia integrada, que combine atendimento remoto e presencial, pode ser a chave para proporcionar o melhor cuidado possível aos idosos com demência.

Thais Reis

Graduanda em Pedagogia pela Faculdade Jardins. Redatora do grupo Sena Online.

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