Quando chegará ao fim o “pente-fino” do BPC?
O "pente-fino", visa combater fraudes e irregularidades no programa BPC.
O governo federal está enfrentando desafios na tentativa de estimar com precisão o impacto financeiro da revisão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa iniciativa, conhecida como “pente-fino“, visa combater fraudes e irregularidades no programa social, mas as projeções exatas do volume de economia gerado permanecem incertas.
Contexto e importância da revisão
O BPC é um programa que garante um salário mínimo mensal para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de beneficiários, levantando preocupações sobre possíveis irregularidades.
De janeiro de 2019 a maio de 2022, o programa registrou um acréscimo de 130 mil beneficiários. Contudo, desde maio de 2022, esse número já ultrapassou a marca de 1 milhão de novos inscritos, um crescimento expressivo que despertou a atenção das autoridades.
Incertezas nas projeções de economia
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reconheceu as dificuldades em projetar com precisão o saldo final da revisão do BPC. Segundo ele, diversos fatores contribuem para essa incerteza:
- Contestações e justificativas: Alguns beneficiários notificados para exclusão podem contestar a decisão e conseguir justificar sua permanência no programa.
- Novos pedidos: Enquanto algumas pessoas são excluídas, outras poderão entrar no programa, uma vez que o número de requerimentos tem aumentado.
- Processo em andamento: A revisão completa só deverá ser concluída em março de 2025, dificultando projeções precisas no momento atual.
Expectativas e desafios iniciais
Apesar das incertezas, algumas expectativas e desafios iniciais já foram identificados:
- Foco Inicial: A revisão começará com cerca de 460 mil pessoas que não atualizaram seu cadastro há bastante tempo, de um total de aproximadamente 6 milhões de beneficiários.
- Taxa de Fraudes Estimada: Técnicos do Ministério do Desenvolvimento Social estimam que a taxa de fraudes nesse grupo inicial possa chegar a cerca de 50%.
- Potencial de Cortes: Cálculos preliminares apontam para o possível corte de 670 mil beneficiários, gerando uma economia anual de R$ 6,6 bilhões.
- Novos Beneficiários: Assim como aconteceu no Bolsa Família, onde 3,7 milhões de pessoas foram excluídas, mas 4,4 milhões de novos beneficiários foram incluídos, o combate às fraudes no BPC pode permitir a entrada de novos beneficiários elegíveis.
Impacto orçamentário e prioridades
O programa BPC tem um grande orçamento, com previsão de R$ 168,6 bilhões em 2024 e R$ 178 bilhões em 2025. A revisão do cadastro é uma das principais estratégias do governo para alcançar as metas fiscais, diminuindo os gastos obrigatórios.
No entanto, o ministro Wellington Dias enfatiza a importância de equilibrar essa revisão com a manutenção do atendimento às pessoas que realmente necessitam do benefício. O desafio é garantir a integridade do programa, combatendo fraudes, sem prejudicar aqueles que dependem dessa assistência.
Próximos passos e transparência
A equipe econômica do governo federal deverá detalhar o processo de revisão de gastos nesta quarta-feira (28), após o anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas prescritas para o ano de 2025.
Espera-se que essas informações adicionais tragam mais clareza sobre as estratégias e metas específicas da revisão do BPC, bem como sobre os mecanismos de transparência e prestação de contas que serão adotados ao longo desse processo.
Para entender o que é o “Pente-Fino” do BPC, confira esse vídeo:
Impacto social e desafios futuros
Além das implicações financeiras, a revisão do BPC também terá um impacto significativo na vida de milhões de brasileiros. É fundamental garantir que os beneficiários não sejam prejudicados e que aqueles que realmente necessitam do auxílio possam acessá-lo de forma eficiente.
A revisão do BPC representa uma oportunidade para aprimorar a gestão dos recursos públicos e fortalecer a confiança da população nos programas sociais. No entanto, esse processo exigirá cautela, transparência e um equilíbrio entre a necessidade de economia e a responsabilidade de proteger os mais vulneráveis da sociedade.