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INSS: Greve de peritos aumenta fila para benefĂ­cios; entenda

Filas aumentam e governo busca soluções para o impasse.

A situação atual do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem gerado preocupação entre os segurados e a população em geral. A greve parcial dos peritos médicos, iniciada em agosto de 2024, tem causado um aumento significativo no tempo de espera para a realização de perícias médicas, essenciais para a concessão de diversos benefícios previdenciários.

O início da greve e suas motivações

A paralisação parcial dos peritos médicos do INSS teve início em agosto de 2024, como resultado de um impasse nas negociações entre a categoria e o governo federal. As principais reivindicações dos peritos incluem:

  1. Cumprimento integral do acordo firmado em 2022
  2. Manutenção das normas de produtividade estabelecidas anteriormente
  3. Revisão do novo Programa de Gestão e Desempenho implementado pelo Ministério da Previdência Social

Os peritos argumentam que o novo programa, criado em meados de 2024, desconsidera critérios técnicos estabelecidos ao longo de duas décadas de atuação da perícia médica no INSS. Segundo a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP), a meta de produtividade definida para a carreira foi estabelecida com base em estudos e análises que priorizam o atendimento de qualidade aos segurados.

A categoria alega que o aumento da quantidade de perícias e a redução do tempo por atendimento, como proposto pelo governo, podem resultar em:

  • Diminuição da qualidade dos exames periciais
  • Aumento no Ă­ndice de erros nas avaliações
  • PossĂ­vel concessĂŁo indevida de benefĂ­cios ou negação injusta de direitos aos segurados

O impacto da greve na fila de espera

O efeito mais visível e imediato da greve dos peritos médicos é o aumento significativo na fila de espera para a realização de perícias. De acordo com dados do Ministério da Previdência, a situação evoluiu da seguinte forma:

  • Julho de 2024 (mĂŞs anterior Ă  greve): 576,3 mil pessoas aguardando atendimento
  • Agosto de 2024 (inĂ­cio da greve): 606 mil pessoas na fila
  • Janeiro de 2025 (dados parciais): 686 mil pessoas esperando por uma perĂ­cia mĂ©dica

Medidas adotadas pelo governo

Diante do impasse e do crescente número de pessoas na fila de espera, o governo federal, por meio do Ministério da Previdência Social, adotou algumas medidas para tentar mitigar os efeitos da greve:

  1. Implementação de nova estratégia de reagendamento: A partir de 27 de janeiro de 2025, as perícias marcadas com médicos em greve passaram a ser automaticamente remarcadas pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) para outros peritos disponíveis.
  2. Notificação aos segurados: Os beneficiários passaram a receber informações sobre novas datas de atendimento através do aplicativo Meu INSS, do canal telefônico 135 e por SMS.
  3. Corte de ponto dos grevistas: O ministro da Previdência, Carlos Lupi, determinou o desconto nos salários dos peritos que aderiram à greve.
  4. Bloqueio de agendas: As agendas de atendimento dos servidores participantes da greve foram bloqueadas, permitindo a transferĂŞncia dos atendimentos para profissionais que nĂŁo aderiram ao movimento.

A posição da ANMP e as ações judiciais

A Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP) tem se posicionado firmemente contra as medidas adotadas pelo governo, considerando-as arbitrárias e prejudiciais ao movimento grevista. As principais ações e argumentos da ANMP incluem:

  1. Recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ): A associação recorreu à corte para suspender o corte de ponto e o bloqueio das agendas dos peritos em greve.
  2. Alegação de “lockout”: A ANMP argumenta que o bloqueio das agendas configura uma forma de “greve do empregador”, prejudicando o atendimento parcial que vinha sendo realizado pelos grevistas.
  3. Questionamento dos dados do TCU: A associação contesta os dados utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para embasar a decisão que declarou ilegal dispositivos do acordo de greve de 2022.
  4. Defesa da qualidade do atendimento: A ANMP insiste que as metas de produtividade estabelecidas anteriormente garantem um atendimento de qualidade aos segurados e evitam erros nas avaliações periciais.

O Papel do Tribunal de Contas da UniĂŁo

O Tribunal de Contas da União (TCU) desempenhou um papel significativo no desenrolar da situação, ao declarar ilegais dispositivos do acordo de greve firmado em 2022. Esta decisão foi um dos fatores que levaram o Ministério da Previdência Social a criar o novo Programa de Gestão e Desempenho (PGD) para a categoria dos peritos médicos.

Fachada do edifĂ­cio do Tribunal de Contas da UniĂŁo, localizado em BrasĂ­lia.
Saiba os pontos relevantes sobre a atuação do TCU na greve e a criação do PGD para peritos médicos. Imagem: Agência Brasil
  1. Análise de produtividade: O tribunal considerou que o acordo de 2022 reduzia em 40% a produtividade dos peritos, o que seria prejudicial ao serviço público.
  2. Recomendações ao Ministério da Previdência: Com base em sua análise, o TCU orientou a pasta a revisar os critérios de produtividade da categoria.
  3. Contestação pela ANMP: A associação dos peritos questiona os dados utilizados pelo TCU, alegando que a corte não ouviu a categoria nem considerou os critérios técnicos estabelecidos ao longo de 20 anos de atuação da perícia médica.
  4. Impacto nas negociações: A decisão do TCU tem sido utilizada pelo governo como justificativa para a implementação do novo PGD, dificultando as negociações com a categoria.

O novo programa de gestĂŁo e desempenho

O Programa de Gestão e Desempenho (PGD) implementado pelo Ministério da Previdência Social em 2024 é um dos pontos centrais do conflito entre o governo e os peritos médicos. Suas principais características e implicações são:

  1. Objetivo de aumento de produtividade: O ministério afirma que o novo programa visa aumentar a eficiência no atendimento aos segurados do INSS.
  2. Alinhamento com o TCU: O PGD foi desenvolvido em conformidade com as recomendações do Tribunal de Contas da União.
  3. Alta adesão: Segundo o Ministério da Previdência, 91% dos peritos aderiram ao novo programa.
  4. Contestação pela categoria: Os peritos argumentam que o aumento da quantidade de perícias em detrimento do tempo de atendimento pode comprometer a qualidade das avaliações.
  5. Impacto na carreira: A ANMP alega que o novo PGD desconsidera critérios técnicos estabelecidos ao longo de anos de atuação da perícia médica no INSS.

Perspectivas de resolução do conflito

A resolução do impasse entre o governo e os peritos médicos do INSS é fundamental para normalizar o atendimento aos segurados e reduzir a fila de espera para perícias. Algumas possíveis vias para a solução do conflito incluem:

  1. Retomada das negociações: A abertura de um canal de diálogo entre o Ministério da Previdência e a ANMP é essencial para encontrar um meio-termo que atenda às necessidades de ambas as partes.
  2. Revisão do PGD: Uma reavaliação conjunta do Programa de Gestão e Desempenho, considerando os argumentos técnicos da categoria, poderia levar a um consenso sobre metas de produtividade.
  3. Mediação externa: A intervenção de órgãos como o Ministério Público do Trabalho ou a Justiça do Trabalho poderia facilitar um acordo entre as partes.
  4. Estudo técnico independente: A realização de um estudo abrangente sobre a produtividade e qualidade das perícias médicas por uma entidade neutra poderia fornecer bases mais sólidas para a definição de metas.
  5. Plano emergencial: A implementação de medidas temporárias para reduzir a fila de espera, como a contratação de peritos temporários ou a realização de mutirões de atendimento, poderia aliviar a pressão sobre o sistema enquanto as negociações avançam.

Thais Reis

Graduanda em Pedagogia pela Faculdade Jardins. Redatora do grupo Sena Online.

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