Fraude em crédito consignado? INSS e Procuradoria investigam Banco Master
Volume de R$ 300 milhões chamou atenção das autoridades

O Banco Master entrou no radar das autoridades federais. A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu um procedimento preparatório em 4 de agosto de 2025 para investigar possíveis irregularidades na concessão de empréstimos consignados pela instituição financeira. O INSS também iniciou um processo administrativo paralelo para apurar descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas.
A investigação surge após o procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes identificar que o Master aparece “em destaque” entre os bancos com concessões fraudulentas. O MPF apontou um volume de R$ 300 milhões em empréstimos consignados realizados pelo banco como “fora da curva normal de mercado”.
O que está sendo investigado no Banco Master?
O Ministério Público Federal identificou notícias sobre um recorde de R$ 300 milhões em empréstimos consignados realizados pelo banco em período recente. Esse montante expressivo levantou suspeitas sobre a regularidade das operações da instituição.
O procurador citou em ofício oficial “possíveis fraudes” associadas ao Credcesta, cartão de benefício consignado para servidores, aposentados e pensionistas. Os casos teriam sido relatados numa sessão da Câmara pelo deputado Capitão Alden (PL-BA).
Aumento explosivo de contratos
A Diretoria de Benefícios do INSS encaminhou ao MPF dados alarmantes da Dataprev. Os números mostram uma escalada preocupante: os contratos de cartão consignado saltaram de 104.876 em 2022 para 1.978.228 em 2023 e 2.755.455 em 2024.
A diretora do setor, Márcia Eliza de Souza, determinou a abertura imediata de um processo administrativo para apurar o caso, citando o “aumento relevante de empréstimos em cartão consignado de benefícios”.
Medidas tomadas em agosto de 2025
Em 5 de agosto de 2025, o INSS tomou uma medida histórica: suspendeu oito instituições financeiras de operar crédito consignado. A decisão foi motivada principalmente pela ausência do sistema “não perturbe”, importante para proteger beneficiários de abordagens comerciais indesejadas. Esta foi a primeira vez que o órgão cancelou acordos de cooperação técnica com empresas que operavam crédito consignado devido ao descumprimento de normas importantes.
Ressarcimento em andamento
O ressarcimento das vítimas de fraudes começou em 24 de julho de 2025, com quase 1 milhão de adesões ao plano de devolução até o momento. Os valores estão sendo pagos diretamente na conta dos beneficiários, corrigidos pelo IPCA.
Como funciona o esquema investigado?
A ouvidoria da plataforma de defesa do consumidor do governo federal registrou 3.378 reclamações contra o Banco Master entre 2019 e 2024. Esses números foram enviados à Procuradoria e motivaram a abertura das investigações. O INSS afirma que identificou práticas preocupantes, incluindo concessões não autorizadas de crédito e descontos em benefícios sem o consentimento dos segurados.
O que fazer se você foi vítima?
Beneficiários que identificarem descontos indevidos têm até 14 de novembro de 2025 para contestar. A adesão ao acordo de ressarcimento pode ser feita mesmo após essa data através do aplicativo Meu INSS.
Como se proteger
Para evitar fraudes:
- Verifique regularmente o extrato no Meu INSS
- Nunca forneça dados por telefone ou WhatsApp
- Confirme se a instituição está autorizada pelo INSS
- Desconfie de ofertas muito vantajosas
- Use apenas canais oficiais para contratação
Investigações em curso
A Polícia Federal, CGU e MPF trabalham conjuntamente nas investigações. A AGU conseguiu o bloqueio de R$ 2,8 bilhões em bens de investigados para garantir ressarcimento às vítimas. O procedimento preparatório aberto pela Procuradoria é a etapa anterior à instauração de inquérito civil. As autoridades aguardam respostas do Banco Master e continuam coletando evidências sobre as práticas da instituição.
Resposta do Banco Master
Procurado após a abertura das investigações, o Banco Master afirmou que não recebeu nenhum pedido formal de informação dos órgãos sobre os procedimentos. A instituição declarou que “irá responder tecnicamente caso seja acionada”.
As investigações sobre o Banco Master em agosto de 2025 representam mais um desdobramento no combate às fraudes contra aposentados. Com milhões de beneficiários já afetados e bilhões em prejuízos, as autoridades intensificam esforços para proteger os segurados.
A pergunta que fica é: quantas outras instituições ainda operam irregularmente, aproveitando-se da vulnerabilidade dos aposentados e pensionistas?
Veja as últimas noticiais sobre o INSS diariamente no Idosos Brasil.
Perguntas frequentes
Aposentado por invalidez pode contratar consignado?
Sim, beneficiários de aposentadoria por invalidez têm os mesmos direitos. Porém, se o benefício for cessado após perícia médica, os descontos param automaticamente e o saldo devedor deve ser negociado diretamente com o banco.
Banco pode ligar mesmo cadastrado no Não Me Perturbe?
Não. Se você receber ligações após cadastro no sistema, pode denunciar ao Procon e a instituição está sujeita a multa de até R$ 10 milhões. Guarde registros das ligações como prova.
Consignado conta para declaração de Imposto de Renda?
O valor recebido do empréstimo não é tributável, mas os juros pagos também não podem ser deduzidos. Apenas declare se tiver saldo devedor acima de R$ 5 mil no final do ano.
Posso pedir consignado estando com benefício bloqueado?
Não. Benefícios bloqueados por qualquer motivo (prova de vida, revisão, suspeita de fraude) impedem novas contratações até a regularização. Contratos anteriores continuam sendo descontados normalmente.
Correspondente bancário tem responsabilidade em fraudes?
Sim. Correspondentes respondem solidariamente com o banco por fraudes. Se o golpe partiu do correspondente, você pode processar ambos. O INSS está cadastrando e fiscalizando mais rigorosamente esses intermediários.
Consignado prescreve em quanto tempo?
Dívidas de consignado prescrevem em 5 anos após o vencimento da última parcela paga. Mas como o desconto é automático, a prescrição raramente ocorre. Em caso de fraude comprovada, não há o que prescrever.