O caso chocante ocorrido em Patrocínio, Minas Gerais, onde uma mulher de 37 anos faleceu após consumir a planta tóxica conhecida como falsa couve, reacende o alerta sobre os perigos da ingestão de espécies venenosas. A vítima, que estava internada desde 8 de outubro, teve uma piora em seu quadro e evoluiu para uma lesão cerebral grave.
A família havia colhido a planta, identificada como Nicotiana glauca, no quintal da chácara para onde haviam se mudado recentemente, acreditando ser couve comum. A tragédia serve como um aviso sobre a importância de identificar corretamente qualquer planta antes do consumo.
Recentemente, mais sete pessoas foram diagnosticadas com intoxicação alimentar em Santa Vitória, no Triângulo Mineiro, após também consumirem a planta. As vítimas apresentaram vômito, diarreia, dificuldade respiratória e problemas de visão, mas foram socorridas a tempo e se recuperam. Estes eventos reforçam a necessidade de conhecimento para evitar acidentes fatais.
O que é a Nicotiana glauca?
Popularmente chamada de “fumo bravo” ou charuteira, a Nicotiana glauca pertence à família das Solanáceas, a mesma do tomate, da batata e do tabaco. Sua toxicidade é elevada devido à presença de alcaloides, principalmente a anabacina. Essa substância age como um bloqueador neuromuscular, interferindo na transmissão nervosa para os músculos. O consumo pode levar à paralisia muscular, insuficiência respiratória e, em casos graves, à morte.
Como diferenciar a falsa couve da couve verdadeira?
Para evitar confusões que podem ser fatais, é fundamental conhecer as características que distinguem a planta tóxica da hortaliça comestível. A observação atenta de alguns detalhes pode salvar vidas.
Folhas
As folhas da Nicotiana glauca são geralmente menores, mais estreitas e alongadas. Sua coloração é um verde mais acinzentado e a textura tende a ser mais fina e aveludada. Em contrapartida, a couve verdadeira (Brassica oleracea) possui folhas grandes, largas, com um verde mais vivo e intenso.
Textura e nervuras
Outro ponto distintivo é a textura. As folhas da couve comestível são mais grossas, firmes e com uma superfície mais áspera. Suas nervuras são bem marcadas e proeminentes. Já a planta tóxica tem folhas mais delicadas ao toque.
Caule e flores
O caule da couve verdadeira é herbáceo, ou seja, macio, flexível e verde. A falsa couve, por outro lado, desenvolve um caule lenhoso, que se torna mais rígido e semelhante a um pequeno arbusto ou árvore. Além disso, a planta tóxica produz flores amarelas em formato de tubo, agrupadas em cachos, algo que não ocorre na couve verdadeira.
Imagem: Divulgação/ Corpo de Bombeiros
Perigos e sintomas da intoxicação
A ingestão da Nicotiana glauca, mesmo em pequenas quantidades, pode desencadear um quadro grave de intoxicação. O modo de preparo, seja crua ou cozida, pode alterar a quantidade de toxina absorvida, mas não elimina o perigo. Os primeiros sintomas incluem náuseas, vômitos, tonturas e diarreia.
Com a evolução do quadro, podem surgir dificuldades respiratórias, perda de força muscular, problemas de visão e, em casos mais severos, convulsões, parada cardiorrespiratória e falência de órgãos.
O que fazer em caso de intoxicação?
A intoxicação por esta planta é uma emergência médica. Não existe tratamento caseiro seguro ou antídoto que possa ser administrado em casa. Induzir o vômito ou ingerir leite não são medidas eficazes e podem piorar a situação. A recomendação é clara: a pessoa deve ser levada imediatamente para o pronto-socorro mais próximo.
O tratamento hospitalar consiste em medidas de suporte, como ventilação mecânica, monitoramento cardíaco e manejo clínico para controlar os sintomas. Em algumas situações, pode ser necessária a realização de hemodiálise.
A prevenção é a ferramenta mais importante. A recomendação de especialistas é evitar o consumo de plantas silvestres ou de origem desconhecida. Colete apenas vegetais que você tenha absoluta certeza de que são comestíveis, de preferência cultivados em hortas seguras e conhecidas.
Se encontrar uma planta suspeita em seu quintal, o ideal é removê-la para evitar acidentes com crianças e animais.
Para mais informações como essa, fique de olho no portal do Idosos Brasil.
Perguntas frequentes
1. A falsa couve é venenosa mesmo depois de cozida?
Sim. O cozimento pode reduzir, mas não elimina a toxina anabacina. O consumo da planta continua sendo extremamente perigoso, independentemente da forma de preparo.
2. Onde a falsa couve costuma crescer?
É uma planta rústica que cresce espontaneamente em áreas rurais, terrenos baldios, beiras de estradas e até mesmo em quintais, sendo facilmente confundida com uma verdura.
3. Qual a principal toxina da planta?
A principal toxina é a anabacina, um alcaloide que bloqueia a comunicação entre nervos e músculos, causando paralisia e insuficiência respiratória.
4. Crianças podem se intoxicar?
Sim. Crianças são ainda mais vulneráveis aos efeitos da toxina devido ao seu menor peso corporal. A ingestão pode ser fatal rapidamente.
5. O que fazer se eu encontrar essa planta no meu quintal?
A recomendação é remover e descartar a planta com segurança, utilizando luvas para manuseá-la. O objetivo é evitar que qualquer pessoa ou animal de estimação a consuma por engano.
Debate sobre post