Saúde

Descubra como funciona o teste que detecta metanol em bebidas alcoólicas

Métodos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros. Confira!

O metanol é uma substância altamente tóxica que, quando presente em bebidas alcoólicas, pode causar graves problemas de saúde, incluindo cegueira e até mesmo morte. Felizmente, pesquisadores brasileiros desenvolveram métodos eficazes para detectar essa perigosa substância.

Aqui, você vai entender como funcionam os testes que identificam a presença de metanol em bebidas alcoólicas e por que esse conhecimento é fundamental para a sua segurança.

O que é o metanol e por que é perigoso?

O metanol se apresenta como uma substância líquida, inflamável e incolor e tem grande potencial de intoxicação. Frequentemente confundido com o etanol (álcool presente em bebidas), o metanol é extremamente perigoso quando ingerido.

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A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte. Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).

Dois copos de whisky brindando, com gelo visível, ilustrando o consumo de álcool e o perigo da ingestão incorreta de substâncias como metanol.
Atenção ao perigo do metanol em bebidas alcoólicas.
Imagem: Freepik

Métodos de detecção desenvolvidos no Brasil

Conheça os principais métodos:

1. O método colorimétrico da Unesp

Criado em 2023 no Instituto de Química (IQ) da universidade em Araraquara, os especialistas conseguiram identificar a olho nu se determinada amostra possuía mais metanol que o permitido. O teste é um método que prático e barato. O processo para determinar a concentração de metanol em amostras é feito em apenas duas etapas, que duram no total cerca de 15 minutos para detectar em bebidas alcoólicas.

“Primeiramente, adiciona-se um tipo de sal junto ao combustível ou à bebida que passará pela avaliação, transformando o metanol, caso ele esteja presente na amostra, em formol. Na sequência, basta adicionar à mistura um ácido capaz de gerar mudanças na coloração da solução. Essas etapas de reação levam cerca de 15 minutos no caso do etanol e das bebidas alcoólicas e 25 minutos no caso da gasolina. Após esse tempo, a mistura já está pronta para ser classificada”, explica Larissa Modesto, mestranda do IQ e autora principal da invenção.

2. Teste por espectroscopia da UFPR

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear abriu atendimento ao público para verificar suspeitas em bebidas alcoólicas. Segundo o professor Kahlil Salome, cada amostra pode ser analisada em até cinco minutos. “Colocamos o líquido em um tubo, e o equipamento devolve um gráfico com linhas. Uma delas aponta diretamente o metanol”, explica o pesquisador. O exame usa apenas 0,5 ml da bebida e pode identificar adulterações mesmo em líquidos com corantes ou frutas.

3. O método por luz infravermelha da UEPB

O método da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) emite luz infravermelha na garrafa, mesmo quando ela está lacrada. Primeiro, a radiação agita as moléculas do líquido. Depois, um software aponta se há substâncias estranhas à composição original, como o metanol ou até água adicionada para diluir a bebida.

A técnica alcançou até 97% de precisão nos testes, sem necessidade de reagentes químicos. E foi validada em artigos publicados na revista científica Food Chemistry. Embora o estudo tenha começado com a cachaça, os pesquisadores explicam que o sistema pode ser aplicado a outros destilados.

“A gente está desenvolvendo uma solução em que vai ter um canudo impregnado com a substância química, que ao contato com o metanol, ela vai mudar de cor. Isso vai fazer com que o usuário também tenha uma segurança de, quando estiver consumindo a bebida, de que a bebida não tem o teor de metanol”, revela Nadja Oliveira, pró-reitora de pós-graduação da UEPB ao portal G1.

Como se proteger até o teste estar disponível?

Enquanto os testes não estão amplamente disponíveis no mercado, existem algumas precauções que você pode tomar:

  • Adquira bebidas apenas de estabelecimentos confiáveis
  • Desconfie de preços muito abaixo do mercado
  • Verifique se o lacre da garrafa está intacto
  • Observe se o rótulo apresenta irregularidades
  • Em caso de suspeita, não consuma a bebida

Fique de olho no portal do Idosos Brasil para mais informações sobre o metanol.

Perguntas frequentes

1. É possível identificar o metanol pelo gosto ou cheiro?

Não. O metanol é praticamente indistinguível do etanol a olho nu, pelo cheiro ou gosto. Ambos são líquidos incolores e têm sabor semelhante, tornando impossível a detecção sem testes específicos.

2. Quanto tempo leva para os sintomas de intoxicação por metanol aparecerem?

Os sintomas geralmente aparecem entre 12 e 24 horas após a ingestão da bebida contaminada. Inicialmente, podem se assemelhar a uma ressaca comum, mas pioram progressivamente, especialmente com o surgimento de problemas visuais.

3. Qual bebida alcoólica oferece mais risco de contaminação por metanol?

Os destilados como vodka, whisky, gin e cachaça são os mais vulneráveis à adulteração com metanol, principalmente quando produzidos clandestinamente ou vendidos a preços muito abaixo do mercado.

4. O teste de detecção de metanol está disponível comercialmente?

Ainda não existe ampla disponibilidade comercial dos testes. Alguns laboratórios universitários oferecem o serviço gratuitamente para a população, mas a comercialização em larga escala ainda está em desenvolvimento.

5. Qual é o tratamento para intoxicação por metanol?

O tratamento inclui a administração de etanol farmacêutico (antídoto específico) ou fomepizol, bicarbonato de sódio e, em casos graves, hemodiálise. É fundamental buscar atendimento médico imediato em caso de suspeita de intoxicação.

Quezia Andrade

Biomédica CRBM2 nº 17394. Redatora especialista de conteúdos de Estética e Nutrição do grupo Sena Online.

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