A presença de pessoas idosas na internet cresceu na última década. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet (CGI) há dez anos, o percentual de idosos conectados no Brasil saltou de 4% para 20%. Essa maior inclusão digital, no entanto, também aumenta a exposição a riscos, como os golpes online. Pessoas com menos familiaridade com a tecnologia podem se tornar alvos mais fáceis, não por serem mais vulneráveis, mas por não terem o mesmo treinamento para identificar os sinais de alerta que usuários mais experientes já conhecem.
A natureza das fraudes direcionadas a esse público é frequentemente mais sutil, explorando a confiança e a falta de conhecimento técnico. Ensinar e alertar quem tem menos experiência digital é, portanto, uma medida de cuidado importante para garantir uma navegação segura.
O crescimento da presença digital e os riscos associados
Segundo o portal do G1 de Goiás, apenas no Facebook, os perfis de brasileiros com mais de 60 anos ultrapassam os 4 milhões. Contudo, essa visibilidade também atrai a atenção de criminosos. Um levantamento da Kaspersky, empresa de software de segurança, aponta que pessoas mais velhas são consideradas alvos frequentes de crimes cibernéticos.
A pesquisa, que ouviu 12 mil usuários em 21 países, incluindo o Brasil, revelou dados importantes: apenas 33% dos internautas com mais de 55 anos têm consciência de que podem ser espionados online sem consentimento. Além disso, somente 25% desconfiam ao compartilhar dados sensíveis como a localização, em contraste com a média de 39% de outras faixas etárias. Esse cenário cria um ambiente propício para a ação de fraudadores.
Principais tipos de fraudes e estatísticas nacionais
As abordagens fraudulentas são variadas e cada vez mais sofisticadas. Entre as mais comuns estão o phishing (envio de links maliciosos que imitam sites conhecidos), ligações de falsas centrais bancárias, mensagens sobre supostas fraudes com o CPF da vítima e promessas de prêmios ou benefícios financeiros inesperados.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em sua pesquisa Radar, confirmou o aumento dos relatos de estelionato. Entre setembro de 2024 e março de 2025, a proporção de pessoas que sofreram tentativas de fraude subiu de 33% para 38%. Os idosos são os mais afetados, com 42% dos entrevistados acima de 60 anos relatando terem sido alvos.

Imagem: Idosos Brasil
O que pode ser feito para proteger os idosos?
A proteção contra ameaças virtuais envolve um conjunto de ações preventivas, combinando educação e ajustes técnicos. A seguir, algumas orientações práticas são detalhadas.
1. Capacitação digital
A chave para uma navegação segura é o conhecimento. Em vez de apenas fornecer explicações teóricas, focar em ensinar aos idosos, de forma simples e prática, a identificar riscos online. Criar materiais interativos como quizzes ou vídeos tutoriais pode ser mais atrativo do que textos longos. Durante oficinas presenciais, simulações de ataques, como o phishing, podem ser realizadas para ensinar a detectar sinais de alerta.
2. Reforço de cautela
Um bom hábito de precaução pode evitar muitos problemas. Incentivar os idosos a sempre consultar familiares ou amigos antes de tomar decisões financeiras online pode ser uma estratégia poderosa. Ao estabelecer esse protocolo de verificação, cria-se uma rede de apoio que, em momentos de dúvida, pode ser decisiva para evitar golpes.
3. Canais de apoio e denúncia
Além de números de telefone como o Disque 100, é interessante informar sobre plataformas online de denúncia e até mesmo aplicativos específicos para bloquear transações fraudulentas. Ao manter esses dados atualizados e acessíveis, você ajuda a garantir que a vítima saiba exatamente o que fazer caso caia em um golpe.
4. Recomendações de segurança digital
A segurança começa com o uso adequado dos dispositivos. Algumas recomendações podem ser adaptadas para facilitar o uso:
- Notificações privadas: Orientar sobre a importância de não exibir notificações detalhadas na tela de bloqueio, o que evita que golpistas possam visualizar informações sensíveis à distância.
- Dupla verificação: Incentivar o uso de autenticação em dois fatores (2FA) em todas as plataformas, principalmente nos aplicativos bancários. Isso pode parecer complicado no começo, mas com tutoriais simples e apoio de familiares, se torna um hábito seguro.
- Limitações de pagamento: Recomendar o bloqueio do Pix durante a noite ou definir um limite baixo para transações pode prevenir grandes perdas caso um dispositivo seja invadido.
O cuidado com a exposição de dados pessoais nas redes sociais! Manter perfis privados e evitar o compartilhamento excessivo de informações sobre a rotina e familiares dificulta a ação de criminosos que utilizam engenharia social.
Para mais orientações, veja em outros conteúdos do Idosos Brasil.
Perguntas frequentes
O que é engenharia social?
É uma técnica de manipulação psicológica usada por criminosos para enganar as vítimas e obter informações confidenciais, como senhas e dados bancários, sem o uso de força ou tecnologia complexa.
A autenticação em dois fatores é realmente segura?
Sim, ela adiciona uma camada extra de segurança. Mesmo que alguém descubra sua senha, não conseguirá acessar a conta sem o segundo fator de verificação, que geralmente é um código enviado para o seu celular.
Como reconhecer um e-mail de phishing?
Fique atento a erros de português, endereços de e-mail de remetentes estranhos (que não correspondem ao domínio oficial da empresa), links com URLs suspeitas e um tom de urgência ou ameaça na mensagem.
O banco pode ligar para pedir minha senha?
Não. Nenhuma instituição financeira ou empresa séria solicita senhas, códigos de segurança ou dados de cartão por telefone, e-mail ou mensagem.
Caí em um golpe do Pix, o que fazer?
Entre em contato imediatamente com seu banco para acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED) e registre um Boletim de Ocorrência online ou na delegacia mais próxima.





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