Bolsonaro será preso? Veja perguntas e respostas sobre a condenação do ex-presidente
Confira as consequências da condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe

A recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) gerou uma onda de questionamentos sobre o futuro político e pessoal do ex-mandatário. A principal dúvida que paira no ar é se Bolsonaro preso se tornará uma realidade em breve. A resposta, no entanto, é complexa e depende de uma série de trâmites judiciais que ainda estão por vir.
Este processo envolve a análise de embargos e pode levar um tempo considerável. Além da pena de reclusão, a condenação impõe outras sanções severas, como a inelegibilidade e o pagamento de multas, impactando diretamente a trajetória de todos os envolvidos.
O que motivou a condenação de Bolsonaro no STF?
A condenação foi fundamentada na acusação de participação em uma trama para um golpe de Estado, visando abolir violentamente o Estado Democrático de Direito e depor o governo democraticamente eleito em 2022. A maioria dos ministros da Primeira Turma do STF acolheu a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, que apontou o ex-presidente como uma das figuras centrais na articulação do movimento golpista. As penas foram definidas com base na gravidade dos crimes e no grau de participação de cada réu no esquema.
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Quando a prisão pode efetivamente ocorrer?
A execução da pena de prisão só acontecerá após o esgotamento completo dos recursos. A defesa dos condenados ainda pode apresentar os chamados embargos de declaração, que servem para esclarecer pontos obscuros ou contradições na decisão. Somente após a análise e julgamento desses recursos pelo STF é que a sentença se torna definitiva e a ordem de prisão pode ser expedida. Portanto, não há um prazo exato para que isso aconteça.
É importante notar que Jair Bolsonaro já cumpre prisão domiciliar desde agosto de 2025, por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes em outra investigação. A defesa pode solicitar que este período seja abatido da pena final, mas a decisão caberá ao Supremo, uma vez que os processos são distintos.
Quais os desdobramentos legais além da prisão?
A condenação vai muito além da reclusão. As sanções impostas pela Corte incluem diversos efeitos civis e administrativos que alteram a vida dos réus:
- Inelegibilidade: Os condenados ficam inelegíveis por oito anos, contados após o cumprimento integral da pena de prisão. No caso de Bolsonaro, que já estava inelegível por decisão do TSE, o prazo é estendido.
- Perda de cargos e mandatos: Políticos eleitos, como o deputado Alexandre Ramagem, perderão seus mandatos. Servidores públicos, como Anderson Torres, serão exonerados de seus cargos na Polícia Federal.
- Suspensão dos direitos políticos: Com a decisão definitiva, os condenados perdem o direito de votar e de serem votados.
- Indenização e multas: Foi estabelecido o pagamento de uma indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos, a ser paga de forma solidária entre os réus. O valor será destinado a um fundo para a reconstituição de bens lesados.
- Indignidade do oficialato: Militares condenados, incluindo Bolsonaro, Braga Netto e Augusto Heleno, serão julgados pelo Superior Tribunal Militar (STM), que decidirá sobre a perda de posto e patente.
Como funciona o cumprimento da pena?
A legislação penal brasileira estipula que condenações superiores a oito anos devem ser iniciadas em regime fechado. Sete dos oito réus receberam penas acima desse patamar. O único a iniciar em regime aberto é Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou acordo de delação premiada e teve sua pena reduzida.
A progressão para regimes mais brandos, como o semiaberto e o aberto, depende do cumprimento de um percentual da pena e do bom comportamento do detento. A supervisão da execução penal ficará a cargo do próprio relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes.
Confira as informações atualizadas diariamente no portal do Idosos Brasil.
Perguntas frequentes
1. A decisão do STF pode ser revertida?
Em teoria, os recursos servem para apontar falhas no acórdão, mas raramente alteram o mérito da condenação. A reversão completa do resultado do julgamento é considerada muito improvável neste estágio do processo.
2. Para onde vai o dinheiro da multa e da indenização?
O valor da multa é revertido para fundos de segurança pública e de gestão do sistema penitenciário. Já a indenização por danos morais coletivos é destinada a um fundo de reconstituição de bens lesados, gerido por um conselho com participação do Ministério Público.
3. O que significa “indignidade do oficialato”?
É um processo no qual o Superior Tribunal Militar avalia se um oficial das Forças Armadas, condenado por crime comum, cometeu um ato que o torna indigno de manter seu posto e patente. Se a decisão for pela indignidade, ele é excluído da corporação.
4. Bolsonaro cumprirá pena em uma prisão comum?
A definição do local de cumprimento da pena cabe ao juiz da execução. Devido ao cargo que ocupou, é provável que ele seja alocado em uma sala de Estado-Maior ou unidade prisional especial, separado dos demais detentos.
5. Todos os réus receberam a mesma pena?
Não. As penas foram individualizadas conforme o grau de participação e a responsabilidade de cada um na trama golpista. As sentenças variam, desde a pena menor até as mais altas.