Aposentados do INSS têm Crédito Consignado limitado; entenda
Bancos suspendem empréstimo consignado para aposentados: entenda as motivações e consequências.
Nos últimos dias, vários bancos brasileiros anunciaram restrições na oferta de crédito consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), especialmente através de correspondentes bancários. Entre as instituições que confirmaram a suspensão dessa modalidade de crédito estão Itaú Unibanco, Banco Pan, Mercantil e BMG, que não estão mais liberando o crédito consignado para novos clientes por esse canal. A seguir, entenda as razões por trás dessa decisão e as implicações dessa mudança para os beneficiários.
O que é o crédito consignado?
O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo na qual as parcelas são descontadas diretamente da aposentadoria ou pensão do beneficiário. Isso garante ao banco uma maior segurança, uma vez que o pagamento das parcelas é garantido pela renda do aposentado ou pensionista. Essa modalidade oferece condições mais favoráveis, como juros mais baixos, devido à redução do risco de inadimplência, já que o pagamento é descontado diretamente da fonte.
Os aposentados e pensionistas do INSS podem comprometer até 45% da sua renda mensal com empréstimos consignados. Esse limite de 45% é dividido da seguinte forma:
- 35% para empréstimos pessoais;
- 5% para o cartão de crédito consignado;
- 5% para o cartão de benefício.
Por que os bancos estão limitando o crédito consignado?
A principal razão apontada pelos bancos para a suspensão da oferta de crédito consignado está relacionada ao teto de juros fixado pelo governo federal. Atualmente, o governo determina que os juros do crédito consignado pessoal são limitados a 1,66% ao mês, enquanto o limite para cartões de crédito e de benefício é de 2,46% ao mês.
Embora essas taxas sejam consideradas mais baixas do que os juros de outras modalidades de crédito, os bancos enfrentam dificuldades em operar de forma rentável devido ao alto custo de captação de recursos no mercado financeiro. Atualmente, os custos de captação para os bancos ultrapassam os 14% ao ano, o que torna a operação de empréstimos consignados com juros baixos inviável para muitas instituições financeiras.
Impacto das restrições para aposentados e pensionistas
A decisão dos bancos de limitar o crédito consignado pode trazer dificuldades para os aposentados e pensionistas que dependem dessa modalidade de empréstimo para resolver questões financeiras urgentes. Embora o crédito consignado continue disponível, o número de instituições financeiras conveniadas ao INSS para operar essa modalidade foi reduzido.
Atualmente, 70 instituições financeiras estão conveniadas à Previdência Social para oferecer o empréstimo consignado. Para o cartão de crédito consignado, são 41 instituições e para o cartão de benefício, 24 instituições. Isso significa que, embora ainda existam alternativas, a competição será menor, o que pode levar a condições menos vantajosas para o tomador do crédito.
A reação do setor financeiro: recurso no STF
A restrição do crédito consignado tem gerado controvérsias dentro do setor financeiro. A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) já recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a competência do INSS e do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) para definir os tetos de juros do crédito consignado.
A ABBC argumenta que a responsabilidade pela fixação desses limites deveria ser do Conselho Monetário Nacional (CMN), conforme estabelece a Lei 4.595/1964. A associação também critica o uso da taxa Selic como referência para a definição do teto de juros do crédito consignado, alegando que esse modelo não reflete corretamente os custos de captação de longo prazo, gerando distorções.
Outro ponto levantado pela ABBC é a lentidão na atualização dos tetos de juros para cima quando a Selic sobe, enquanto há uma rapidez em ajustá-los para baixo quando a Selic cai. Isso, segundo a associação, acaba prejudicando a viabilidade econômica das operações de crédito consignado para os bancos.
O posicionamento do INSS e do Ministério da Previdência Social
Por outro lado, o INSS não se posicionou oficialmente sobre a questão, mas em manifestações anteriores, o Ministério da Previdência Social afirmou que as regras estabelecidas visam proteger os consumidores, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade. O objetivo é evitar práticas abusivas de crédito, que podem piorar o endividamento de aposentados e pensionistas.
Em um cenário de alto endividamento da população mais vulnerável, as restrições no crédito consignado podem ser uma medida para evitar o superendividamento dos beneficiários do INSS, embora essa decisão tenha sido criticada por parte do setor financeiro.
O que esperar para o futuro do crédito consignado?
O futuro do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS depende, em grande parte, da evolução da situação judicial e das negociações entre o setor financeiro e o governo. Embora o crédito consignado continue sendo uma das formas mais acessíveis de crédito, a viabilidade das operações pelos bancos precisa ser analisada para garantir que a modalidade continue disponível a quem precisa.