Saúde

Alzheimer: O desafio de 1,2 milhão de brasileiros Idosos e suas famílias

Entenda como a ciência avança na luta contra o Alzheimer.

Com o envelhecimento da população mundial e o aumento da expectativa de vida, a doença de Alzheimer está emergindo como um enorme desafio para a saúde pública global. Prevê-se que até 2050, mais de 130 milhões de indivíduos globalmente serão impactados por essa condição neurodegenerativa avassaladora, conforme a Alzheimer’s Disease International. O Brasil é apontado como um dos países que enfrentará os maiores impactos futuros, conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

1. Compreendendo a Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência, caracterizada por um processo neurodegenerativo que se manifesta gradualmente com o avanço da idade. Infelizmente, os tratamentos atualmente disponíveis não interrompem o curso da doença, apenas gerenciam os sintomas, que exigem um nível crescente de cuidados à medida que a condição do paciente se agrava.

O Impacto Multidimensional

O Alzheimer não afeta apenas o indivíduo, mas também tem um impacto profundo sobre os familiares, cuidadores e o ecossistema de saúde como um todo. A doença envolve cuidados médicos multidisciplinares de longo prazo, representando um desafio significativo para os sistemas de saúde e as famílias afetadas.

2. Avanços nas Pesquisas sobre o Alzheimer

Apesar dos desafios, há motivos para esperança, pois as pesquisas sobre o Alzheimer estão avançando em várias frentes. Os estudos visam compreender melhor a doença, melhorar o diagnóstico precoce e criar tratamentos mais eficientes.

Compreendendo os Mecanismos Subjacentes

Atualmente, há um entendimento de que a ação de duas proteínas específicas desempenha um papel importante no desenvolvimento do Alzheimer: o acúmulo da proteína beta-amiloide entre as células nervosas do cérebro e a formação de emaranhados da proteína TAU dentro das células nervosas. Esses processos causam danos e morte aos neurônios, levando à progressão da doença.

Placas de Beta-Amiloide e Emaranhados de TAU

As placas de beta-amiloide dificultam a comunicação entre as células nervosas, enquanto os emaranhados de TAU impedem a circulação adequada de nutrientes dentro das células. Esses eventos patológicos estão no centro das pesquisas atuais sobre o Alzheimer.

Abordagens Terapêuticas Inovadoras

Com base no conhecimento desses processos, foram desenvolvidos tratamentos experimentais que visam evitar a formação de emaranhados de TAU e até mesmo removê-los, com o objetivo de retardar ou interromper a progressão da doença.

Terapias com Anticorpos Monoclonais

Existe também uma classe de medicamentos conhecida como anticorpos monoclonais, que têm a missão de atacar as placas de beta-amiloide. A utilização desses anticorpos demonstrou alguma eficácia na diminuição das placas, porém os benefícios clínicos continuam sendo objeto de discussão.

Inibidores de Beta-Secretase

Uma outra estratégia é o emprego de inibidores da beta-secretase, enzima envolvida na formação do peptídeo beta-amiloide. No entanto, a eficácia duvidosa e os efeitos colaterais têm desestimulado essa linha de pesquisa.

Pesquisas Genéticas Promissoras

A pesquisa genética também está desempenhando um papel importante no avanço do entendimento e no desenvolvimento de terapias para o Alzheimer. Genes como o APOE4 já são reconhecidos por aumentarem o risco de desenvolvimento de doenças.. Esses genes podem ser manipulados para alterar essa característica de risco.

Além disso, existe a possibilidade de corrigir mutações que levariam ao surgimento do Alzheimer por meio de terapias gênicas, uma área promissora em rápido desenvolvimento.

3. Fatores de Risco e Prevenção

Embora não haja uma cura definitiva para o Alzheimer no momento, as evidências sugerem que hábitos saudáveis e um estilo de vida ativo podem desempenhar um papel importante na prevenção e no gerenciamento da doença.

Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros

Uma pesquisa de 2023 conduzida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), utilizando dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), revelou que aproximadamente de 48% das demências no Brasil – incluindo o Alzheimer, a mais prevalente de todas – estão relacionadas a doze fatores de risco específicos.

Fatores de Risco Modificáveis

Entre esses fatores de risco estão o sedentarismo, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a poluição do ar, os ferimentos na cabeça, a ausência de contato social, a baixa escolaridade, a obesidade, a hipertensão, o diabetes, a depressão e a deficiência auditiva. Os fatores mais fortemente associados ao Alzheimer incluem baixa escolaridade, hipertensão e perda auditiva.

Estimulação Cognitiva e Estilo de Vida Saudável

Atividades que estimulam o raciocínio, a memória e, essencialmente, exercitam o cérebro são fundamentais para manter a saúde mental na terceira idade. Um estudo recente publicado na revista britânica The Lancet revelou que até 45% dos casos de demência poderiam ser prevenidos com o controle adequado dos fatores de risco.

A Importância da Visão Saudável

De forma surpreendente, identificou-se a perda da visão como um fator de risco emergente para a demência. A deterioração visual, particularmente na terceira idade, diminui os estímulos mentais, sociais e físicos, elevando a suscetibilidade à demência. Problemas de visão estão ligados à atrofia do córtex visual, podendo precipitar o processo neurodegenerativo.

Procedimentos simples, como a cirurgia de catarata para recuperar a visão opaca, podem ser ferramentas eficazes na luta contra o Alzheimer, evidenciando a importância de cuidados abrangentes para a saúde dos idosos.

Alzheimer: O desafio de 1,2 milhão de brasileiros Idosos e suas famílias
Alzheimer: A Doença que afeta milhões de Idosos nos Brasil e no mundo. Imagem: freepik

Embora o Alzheimer ainda não tenha cura, a pesquisa está avançando rapidamente, com várias abordagens promissoras em desenvolvimento. Os próximos anos serão críticos para o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de terapias mais eficazes contra essa condição devastadora que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

À medida que a população global envelhece, é fundamental abordar o Alzheimer como um desafio de saúde pública prioritário, investindo em pesquisas, conscientização e estratégias de prevenção. Apenas por meio de esforços coordenados e multidisciplinares poderemos enfrentar esse desafio crescente e melhorar a qualidade de vida dos idosos e de suas famílias.

Leandro Macedo

Graduando em Marketing. Especialista de conteúdos de Tecnologia, Trânsito e Benefícios Sociais

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