Bolsa Família

39 municípios podem perder recursos do Bolsa Família na saúde, alerta AMM

Algumas cidades apresentam cobertura extremamente baixa no acompanhamento de saúde das crianças.

A Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) emitiu um alerta importante que afeta diretamente milhares de famílias atendidas pelo Bolsa Família. Ao todo, 39 municípios de Mato Grosso correm o risco de perder os recursos destinados à esse benefício. O motivo? As cidades não estão conseguindo alimentar o sistema do Ministério da Saúde dentro do prazo. Essa falha pode resultar na suspensão dos repasses, prejudicando tanto as famílias quanto os serviços públicos oferecidos a elas.

Esse tipo de situação gera um impacto direto em quem mais precisa. O Bolsa Família não se resume apenas ao pagamento mensal. Ele também exige comprovações de que as famílias estão acompanhando a vacinação das crianças, o pré-natal das gestantes e outros atendimentos básicos. Quando os dados desses acompanhamentos não são lançados corretamente, o sistema entende que as exigências não foram cumpridas, mesmo que os atendimentos tenham sido feitos.

Veja por que o benefício pode ser cortado

De acordo com a AMM, a ameaça de corte nos recursos ocorre porque os dados de saúde das famílias não estão sendo lançados no Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família na Saúde. Esse sistema é responsável por verificar se os atendimentos básicos foram realizados, como vacinação, pesagem e acompanhamento do crescimento infantil.

Um levantamento recente da Secretaria de Saúde mostrou que, até esta semana, havia mais de 515 mil beneficiários no estado que precisavam desse acompanhamento. Desse total, pouco mais de 332 mil já tiveram os dados lançados no sistema — o que corresponde a uma cobertura de cerca de 64,6%. Quando se analisa apenas as crianças de até 7 anos, o número preocupa ainda mais: a cobertura chega a apenas 47,5%. Isso significa que mais da metade das crianças nessa faixa etária ainda não teve os dados inseridos, aumentando o risco de bloqueio do benefício.

Quais cidades estão em risco?

O levantamento aponta um cenário preocupante em várias regiões do estado. Algumas cidades apresentam cobertura extremamente baixa no acompanhamento de saúde das crianças. Curvelândia, por exemplo, registrou apenas 4,23% de cobertura. Em Nova Guarita, o índice ficou em 4,62%, e em Torixoréu, apenas 7,89%.

Mesmo municípios maiores também enfrentam dificuldades. Em Várzea Grande, a taxa ficou em 27,83%, enquanto Cuiabá, capital do estado, registrou 31,20%. Esses números indicam que, mesmo com maior estrutura, os desafios persistem.

Movimentação intensa de pedestres em região central de cidade brasileira.
Veja a lista de municípios que correm risco de perder repasses do Bolsa Família.
Imagem: Agência Brasil

Além dessas, outras cidades também aparecem com desempenho abaixo do esperado: Sorriso, Mirassol D’Oeste, Nobres, Juscimeira, Campo Novo do Parecis, São José dos Quatro Marcos, Alta Floresta, Santa Cruz do Xingu, Pontal do Araguaia, Barra do Garças, Ribeirão Cascalheira, Nova Xavantina, Campo Verde, Matupá, Cocalinho, Araguaiana, Campos de Júlio, Nova Mutum, Barra do Bugres, Pontes e Lacerda, São José do Rio Claro, Brasnorte, Serra Nova Dourada, Água Boa, Primavera do Leste, Comodoro, Nova Monte Verde, Rio Branco, Querência, Poxoréu, Araputanga, Nova Nazaré e Juína.

O presidente da AMM, Leonardo Bortolin, reforçou a gravidade da situação: “Esses dados mostram que há milhares de crianças sem o acompanhamento necessário. Isso compromete o propósito do Bolsa Família e pode causar o bloqueio de benefícios que fazem toda a diferença na vida dessas famílias”.

Como os cortes podem afetar as famílias

A interrupção dos repasses impacta diretamente quem depende do Bolsa Família e também enfraquece a rede pública de saúde nos municípios. Quando os dados de acompanhamento não são lançados no sistema, o governo entende que as famílias não estão cumprindo as exigências do programa. Mesmo que os atendimentos tenham ocorrido, a falta de registro pode levar ao bloqueio do benefício.

Além disso, outros apoios vinculados ao programa podem ser suspensos, como o auxílio-gás e os valores adicionais para gestantes, crianças e adolescentes. Ou seja, não se trata apenas de um corte financeiro: é um efeito em cadeia que afeta o acesso a direitos básicos e enfraquece ainda mais a proteção social de quem já vive em situação de vulnerabilidade.

O que está sendo feito?

Para enfrentar o problema, a AMM se articulou com a Secretaria Estadual de Saúde e o Coegemas para montar uma força-tarefa. O objetivo é ajudar os municípios a atualizarem os dados no sistema oficial dentro do prazo, que termina na próxima segunda-feira, dia 30.

Esse acompanhamento envolve ações que fazem diferença na vida das famílias: pré-natal de gestantes, avaliação nutricional e atualização do cartão de vacinas das crianças. A baixa cobertura vacinal, aliás, é um dos pontos que mais preocupam os gestores.

O presidente da AMM reforçou o alerta: “Vamos juntos virar esse jogo. O prazo está acabando e quem perde são as famílias se a gente não agir agora”.

Gabriela Machado

Graduada em Pedagogia pela UESC(Universidade Estadual de Santa Cruz). Redatora do grupo Sena Online.

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